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NOVEMBRO AZUL: Sendo majoritariamente uma doença da terceira idade o câncer de próstata é o mais incidente em homens e o segundo mais letal

“O conceito de câncer é válido para as ocorrências em todos os órgãos, incluindo o câncer de próstata. E podemos assegurar que a maioria esmagadora de qualquer tipo de câncer, seja próstata, mama, estômago etc. é esporádico. Ou seja, não dá para se encontrar causador específico”, explica o médico oncologista da Rede Onco (Clínica Oncoradium), Dr. Davi Libonati, detalhando que , uma coisa é você ter um câncer hereditário, quando a pessoa já nasceu com uma alteração no seu DNA que ao longo da vida vai ter o risco de desenvolver outra mutação terminando em neoplasia que irá transmitir aos seus descendentes aquela carga genética. Porém, conforme afirma o médico, isso independe de seus hábitos ou vícios, o que isso ocorre com um percentual muito pequeno de pessoas, não ultrapassando 15% dos casos.
Ainda de acordo com o médico, não há como apontar uma causa específica para que a pessoa tenha desenvolvido a doença. Mas, alerta sobre fatores que elevam o risco de vir a desenvolver as doenças oncológicas, apontando estar entre eles: sedentarismo, obesidade, tabagismo, alcoolismo, alimentos condimentados e embutidos, excesso de carne vermelha e stress. “Somos o que ingerimos. Por isso a alimentação é tão importante”, asseguram Davi Libonati, detalhando que se a pessoa tiver aumento de peso, também conhecida como obesidade, gera inflamação e isso já predispõe o indivíduo a desenvolver algum tipo de câncer; porém, explica que isso não significa uma sentença, mas, se comparado a pessoas que tem uma rotina física e bons hábitos alimentares saudáveis as chances de desenvolver a doença são bem maiores.


CANCER DE PRÓSTATA – Sendo majoritariamente uma doença da terceira idade o câncer de próstata, no Brasil, é o mais incidente em homens e o segundo mais letal; é alvo de maior atenção neste período que traz como nomenclatura Novembro Azul, sendo um mês dedicado à saúde do homem. Conforme explicado pelo médico oncologista Rede Onco (Clínica Oncoradium), Davi Libonati, ele pode desenvolver em homens que não tenha histórico familiar, sendo alterações celulares imperceptíveis em exames de rotinas. “Mesmo que a doença seja mais comum em homens acima de 70 anos, recomenda-se o rastreio oncológico a todos os homens a partir dos 40 anos de idade, quando deve procurar um urologista para fazer o exame de próstata”, recomenda Davi Libonati, dizendo ser uma regra para todos os homens independentemente dos hábitos físicos ou alimentares.
O rastreio é a dosagem de PSA no sangue, avaliado também pelo toque retal feito pelo urologista. De acordo com o explicado pelo médico, há urologista que fecha a avaliação apenas com a dosagem de PSA, enquanto que outros preferem a combinação com o toque retal independentemente do resultado.
A relação da doença com a idade é explicada pelo médico, como a maioria das neoplasias que surgem com o aumento da expectativa de vida com qualidade, principalmente em países mais desenvolvidos, pois, em sua avaliação quanto mais tempo se vive aumentam as chances de, durante a replicação celular, ocorrerem pequenas mutações trazendo ao organismo falhas o que ocasiona dificuldades de defesa e correção.
PRECONCEITO – Um agravante para o aumento das mortes por câncer de próstata é o preconceito e a resistência dos homens em procurar atendimento médico. “Isso ainda é uma coisa que está muito enraizada na sociedade indo muito além da questão de saúde. Muitos homens vêm de um contexto social e familiar que condicionam os homens como sendo muito resistentes, que não choram, tem que aguentar o tranco e serem inflexíveis. Isso faz com que muitos homens resistam a alguns sintomas e só quando não tem mais jeito procuram o médico”, conta o médico, qualificando isto como falta de conscientização que pode ser levada pelos meios de comunicação a ponto de que se torne algo normal os homens querer se cuidar entendendo que isso não o faz menos masculino.
SE ANTECIPANDO AO PROBLEMA – “Além da prevenção, descobrir a doença em seu estágio inicial aumentam as chances de cura em menor tempo e de forma menos dolorosa; o que pode ser feito com as frequentes consultas médicas sendo neste caso o urologista”, ensina Davi Libonati, orientando que, não havendo nenhum histórico de câncer na família, deve ser feito a partir dos 40 anos de idade, e a partir dos 35 anos caso tenha havido casos em parentes.
De acordo com o médico, além de atos preventivos que são desde os hábitos alimentares e físicos, é necessário o rastreio nas consultas e exames de rotinas a partir da idade recomendada e, em caso de suspeitas detectadas nos exames de sangue ou toque retal, a medida mais prevalente é a biopsia determinante para a confirmação do tipo de tumor presente na próstata ou em outro local se benigno ou maligno. “A próxima etapa é o estadiamento que verifica se a doença está localizada ou avançada o que é determinada com a realização de diversos exames quando se inicia o tratamento podendo ser cirúrgico com a retirada total da próstata; radioterapia ou quimioterapia, com a possível introdução de medicamentos injetáveis.
MITOS – Questionado sobre se há relação da frequência de ato sexual/ejaculação com a menor possibilidade de ter câncer de próstata, Davi Libonati diz não ter nenhuma comprovação científica a respeito desta tese.
Quanto a remoção total da próstata, ele diz não tornar o homem sexualmente impotente, pois, os testículos, geradores de testosterona, hormônio masculino responsável pela libido, continuam promovendo o interesse sexual. Porém, durante o tratamento, pode ser necessária a supressão do hormônio por um período variado entre seis meses e dois anos, o que pode provocar redução temporária da libido, recuperada após o tratamento. “O papel da próstata é produzir a substância que atua no processo da ejaculação. Por isso o homem prostatectomizado não necessariamente ficará castrado; até por conta do mecanismo biológico, havendo no cérebro uma glândula produtora do hormônio que vai aos testículos que produz a testosterona”, resume Davi Libonati, alertando que, caso a doença já esteja em estado avançado, a supressão da testosterona pode ser em caráter permanente.
Pessoas com boa preparação física e corretos hábitos alimentares não estão livres de desenvolver o câncer. Porém, aumentam as chances de vencer a doença e tolerar tratamentos mais rigorosos como, por exemplo, radioterapia ou quimioterapia. “A expressão preparação física faz jus em seu significado, pois, prepara o corpo para vencer desafios naturais e biológicos”, conclui o médico.

Reportagem e fotos: Francesco Costa

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